Início de ano com três feminicídios ocorridos em apenas dois dias

O ano de 2023 começou com o registro de, ao menos, três feminicídios ocorridos no Distrito Federal e no Entorno

O ano de 2023 começou com o registro de ao menos três feminicídios ocorridos no Distrito Federal e no Entorno. Aos 26 anos, a cabeleireira Mirian Nunes foi assassinada pelo marido dentro de casa, na QNM 21 de Ceilândia. Semelhante a outros casos, a jovem havia alertado a polícia sobre o companheiro André Luiz Muniz dos Santos, 51, e registrado boletim de ocorrência por violência doméstica, mas foi em vão. Em Águas Linda de Goiás, a 38km do Plano Piloto, a diarista Odineia Felix Salgueiro, 42, foi morta pelo ex-namorado, Sebastião Ferreira dos Santos, 71, com uma pedrada na cabeça.

Mirian Nunes foi assassinada no período em que estava em puerpério, após dar à luz a um bebê, fruto do relacionamento entre ela e André Luiz Muniz Dos Santos, 51. Eles estavam juntos há cerca de um ano e há dois meses foram morar na mesma casa. A união, no entanto, ia de mal a pior. Às amigas, a vítima desabafava sobre o comportamento agressivo de André.

Em novembro de 2022, quando estava no nono mês de gestação, a jovem procurou a Polícia Civil para denunciar episódios de ameaças de morte e agressões físicas sofridas. Em uma das ocasiões, André chegou a cortar os cabelos da esposa à força. De acordo com a PCDF, à época, Mirian foi alojada na Casa Abrigo, mas optou por reatar o relacionamento ao dar à luz.

O crime

Na noite de segunda-feira (2/1), policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de violência doméstica. Ao chegarem ao endereço, por volta de 21h30, os PMs encontraram o corpo de Mirian com sinais de estrangulamento. A suspeita é de que o homem tenha usado um cinto para assassiná-la. Após o ato covarde, ele fugiu.

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam 2) divulgou a foto de André para que a população ajude a localizá-lo. Até o fechamento desta edição, o agressor seguia foragido. Além do bebê, Mirian deixou outras duas filhas, de 8 e 6 anos, fruto de outra relação.

O enterro da cabeleireira ainda não estava definido até o fechamento desta edição. Ao Correio, Márcia Nunes, irmã de Mirian, contou que os familiares promoveram uma espécie de vaquinha para custear o velório e o sepultamento. “Nossos pais estão desempregados e, atualmente, apenas o salário da minha mãe, de R$ 800, que ela recebe por cuidar de uma criança, é o que sustenta a casa”, revelou.

Os valor total do velório ficara em mais de R$ 3,3 mil. Segundo a irmã, são R$ 1,8 mil para a funerária, e R$ 1,5 mil para o túmulo. Quem desejar contribuir pode entrar em contato com a própria Márcia, pelo número (61) 994664027.

Apedrejada

Em Águas Lindas de Goiás, a morte da diarista e esportista Odineia Felix abalou os moradores da região. Odineia dormia na casa do ex-marido, com quem tinha dois filhos de 16 e 12 anos, quando foi acordada aos tapas pelo ex-namorado, identificado como Sebastião Ferreira dos Santos, 71.

Odineia manteve um relacionamento com Sebastião por três meses, mas decidiu pôr fim ao namoro após ele ameaçá-la e agredi-la. Inconformado com o término, o suspeito fazia questão de falar para colegas próximos do casal que mataria a mulher, caso descobrisse que ela tinha outro.

Na manhã desta terça-feira (3/1), o ex-marido saiu de casa para trabalhar, por volta das 6h30. Em entrevista ao Correio, Kerginaldo relatou que deixou os cadeados encostados, mas estranhou que a última porta estava aberta. “Ela nunca fez isso. Quando vi a porta da sala aberta, vi que tinha algo errado. Quando entrei, vi sangue. E no quarto, pensei que ela tinha se matado, mas depois percebi que alguém tinha assassinado ela, porque vi o ferimento na cabeça”, detalhou.

De acordo com Silzane Bicalho, titular da Delegacia de Águas Lindas, há indícios de que houve luta corporal entre a vítima e o autor. Depois de cometer o feminicídio, Sebastião tentou fugir para Aparecida de Goiânia, mas acabou preso ontem, quando ainda estava em deslocamento para a cidade goiana.

Correio apurou que Sebastião tem um mandado de prisão em aberto por uma tentativa de homicídio cometido em 2010. 

A morte da diarista comoveu amigos. Odineia era apaixonada por caratê e há poucos dias havia conquistado a faixa verde. Durante cinco anos, ela e os filhos praticavam o esporte na Academia Akan Shokotan, no Setor Coimbra, em Águas Lindas. Pelas redes sociais, o estabelecimento publicou um post em homenagem à aluna: “Akan está em luto. Saudade é uma coisa que não tem medida, é um vazio que só se pode preencher com a lembrança”.

Enforcada

Fernanda Letícia, 27, foi assassinada na noite de réveillon, também em Ceilândia, pelo namorado, Maxwel Lucas Rômulo Pereira, 32. Conforme o Correio mostrou na edição desta quarta-feira (3/1), antes de ser morta, a jovem passou na casa dele e o convidou para comemorar a passagem de ano em outro lugar, mas Maxwel recusou e os dois iniciaram uma briga. 

À polícia, ele confessou ter rendido a jovem e a estrangulado em seguida, mas alegou que, antes, a namorada tentou atingi-lo com uma faca. Após cometer o feminicídio, o agressor contou aos próprios familiares da vítima sobre o crime. “Matei a Fernanda. Não acredita? Vem ver! Falei que mataria”, teria dito. Mawxel se apresentou à 23ª Delegacia de Polícia (P Sul) na segunda-feira (2/1), acompanhado por um advogado, e foi indiciado por feminicídio. Pelas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a perda de Fernanda. 

correiobraziliense

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