POLÍCIA INVESTIGA SE MÃE PREMEDITOU ASSASSINATO DA FILHA DE 5 ANOS.

De acordo com a 12ª DP (Taguatinga Centro), Zenaide Rodrigues de Souza, de 32 anos, deixou um bilhete descrevendo como mataria a filha, de 5 anos. Justiça decretou prisão preventiva e a mulher será transferida para a Colméia

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga se a mulher suspeita de assassinar a filha Dulce, de 5 anos, e atear fogo ao apartamento, em Taguatinga Norte, premeditou o crime. Antes de incendiar o imóvel, Zenaide Rodrigues de Souza, 32, deixou um bilhete no qual detalhou como mataria a criança e até a hora em que isso ocorreria. Ela teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça e deve ser transferida nos próximos dias para a Penitenciária Feminina (PFDF), a Colméia.

A tragédia ocorreu na madrugada de ontem, por volta de 1h, mesmo horário para o qual Zenaide teria programado a morte da filha, conforme descrito na carta deixada por ela. O Correio esteve no condomínio, no Residencial Itamaraty, e conversou com um dos moradores responsáveis por resgatar a mulher, no momento em que ela tentava passar da sacada do apartamento dela para a varanda da unidade abaixo.

Marcos Rodrigues, 38, vive no 4º andar. Ele relatou que notou a movimentação intensa no condomínio durante a madrugada e saiu para ver o que estava acontecendo. “Vi o fogo no apartamento, no 11º andar, e o momento em que ela (Zenaide) estava pendurada. Não sabia de nada sobre a situação. Na hora, eu e o meu vizinho só pensamos em ajudá-la e tirá-la dali”, detalhou o comerciante.

Acompanhado de um colega, Marcos subiu até o 10º andar, arrombou a porta do imóvel e viu a mulher pendurada na tela de proteção da varanda. “Ela não queria se jogar dali. Pedia ajuda, chorava muito e dizia que a filha ainda estava no apartamento. Eu ainda não tinha noção da situação. Pegamos ela nas costas e descemos”, afirmou o morador.

Os bombeiros chegaram pouco tempo depois e encontraram o apartamento de Zenaide em chamas. O fogo consumiu um dos quartos, a sala e a cozinha. No segundo quarto, os militares encontraram a criança, identificada como Dulce Maria Rodrigues de Sena. A menina estava com o corpo rígido e gelado, sem sinais de queimadura. Segundo o Corpo de Bombeiros, Dulce estava morta há, pelo menos, 12 horas. Em análise preliminar da perícia, a pequena teria morrido por esganadura, mas apenas o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) poderá determinar a causa da morte.

Vingança

A hipótese de que o assassinato da filha tenha sido premeditado surgiu após o bilhete deixado por Zenaide no apartamento. De acordo com as investigações, a mãe sofre de depressão. “Na carta, ela disse que mataria a criança para que o pai ficasse com peso na consciência. Detalhou, ainda, como seria a morte. Dizia que amarraria os pés e as mãos da criança e iria sufocá-la com o travesseiro”, detalhou o delegado-chefe da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), Josué Ribeiro. Apesar do relato, a menina não foi encontrada com sinais de ter sido amarrada. A polícia pediu perícia de local, cadavérica e prosopográfica (para saber se a carta foi realmente escrita por Zenaide).

O Correio apurou que Zenaide estava separada do pai da menina há, pelo menos, dois anos. Um dia antes da tragédia, tirou a foto e as informações pessoais dos perfis das redes sociais. A mulher foi indiciada por homicídio duplamente qualificado e pode pegar de 12 a 30 anos de prisão, e incêndio, que tem pena de 3 a 6 anos.

A reportagem também apurou que a babá da criança a alimentava por conta própria porque a mãe não fazia lanches. A funcionária fez serviços em dezembro do ano passado, janeiro deste ano e até a primeira semana de fevereiro. A diária paga à babá era de R$ 20, valor que não foi entregue à trabalhadora da última vez em que cuidou da pequena, antes do início das aulas escolares, em 13 de fevereiro. A mãe estava desempregada e fazia entrevistas para conseguir uma vaga.

Ontem, o juiz Marco Aurélio Salustiano do Bonfim decretou a prisão preventiva de Zenaide. O magistrado seguiu o entendimento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que solicitou a manutenção da prisão, sendo convertida em preventiva. Na decisão, Bonfim considerou que há indícios de que Zenaide seja responsável por cometer o crime. Ela está detida.

“Os fatos, portanto, são concretamente graves. Nesse quadro, a decretação da prisão preventiva mostra-se imperiosa, tendo em vista que a gravidade concreta dos atos de violência empregados denota que a adoção de providência mais branda será ineficaz”, declarou o magistrado.

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