Todos os tipos de violência contra a mulher aumentaram em 2022
Constatação é de pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Números se referem ao ano passado
(crédito: Nino Carè/Pixabay)
Pesquisa divulgada ontem mostra que todos os tipos de violência contra brasileiras aumentaram no ano passado. Segundo a quarta edição do levantamento Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, divulgada pelo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 7,4 milhões delas (11,6%) foram agredidas fisicamente — o que representa 14 mulheres por minuto recebendo tapas, socos ou pontapés. Mais: quando o ataque é a ofensa verbal, a sondagem mostra que chegou a pouco mais de 23% das brasileiras.
A pesquisa revelou que os ex-parceiros são apontados como os principais agressores, seguidos dos atuais companheiros. Isso representa que os ataques continuam sendo praticados, em 74% dos casos, causados por um autor conhecido íntimo da vítima e, em mais da metade dos casos, na própria casa.
O levantamento aponta, também, que uma em cada três brasileiras com mais de 16 anos sofreu violência física e sexual provocada por parceiro íntimo ao longo da vida. Essa constatação representa mais de 21,5 milhões de mulheres que passam por essa situação, uma quantidade maior que a média global (de 27%) apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Algumas hipóteses (para este dado) são que justamente quando a mulher tenta sair do relacionamento, há uma reação do parceiro. Existem duas situações: já estava em uma relação violenta, e as agressões foram intensificadas, ou iniciaram-se os ataques por não aceitar o fim. A tentativa ou o término do relacionamento são fatores para o feminicídio — temos pesquisas que comprovam. A gente sabe que esse crime é resultado de uma série de violências que se acumulam há algum tempo”, enfatizou a coordenadora do núcleo de dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Isabela Sobral.
Desconstrução
A pesquisadora frisa que isso desconstrói a ideia de que se a mulher quiser sair de uma situação de violência, ela simplesmente pode encerrar o relacionamento. Ela acrescenta que uma decisão assim pode levar a um desfecho trágico.
Outro dado do levantamento mostra que as mulheres solteiras relataram ter sofrido quatro agressões ao longo do ano passado, enquanto que as divorciadas disseram sido atacadas ao menos nove vezes. Para Isabela, isso é um retrato da violência que se perpetua ao longo da vida das mulheres e que muda de acordo com a faixa etária, piorando quando se tornam mais velhas.
Apesar de ter aumentado o número de mulheres que foram até uma Delegacia da Mulher, 45% das vítimas se calaram em relação às denúncias. Para a pesquisadora, trata-se de um reflexo da falta de confiança das vítimas na proteção que deveriam receber.
“Entre essas que não fizeram nada, mais de 20% disseram que não fizeram porque não acreditavam que a polícia poderia oferecer alguma proteção. É importante que se construa a conscientização de igualdade de gênero na sociedade. Para que as polícias possam atender as mulheres, é necessário que exista investimento e o governo federal efetive os gastos contra a violência contra a mulher”, cobrou.
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