Perícia da PF em telefone de Ibaneis livra governador de responsabilidade por atos golpistas
Publicado em Ana Maria CamposCB.Poder, Eixo Capital, GDF, Notícias
ANA MARIA CAMPOS
Relatório de análise da perícia da Polícia Federal (PF) no telefone de Ibaneis Rocha (MDB), conclui que, pelas comunicações mantidas na véspera e no dia dos atos golpistas de 8 de janeiro, não há evidências que indiquem envolvimento do governador afastado do Distrito Federal com as invasões dos prédios da Praça dos Três Poderes.
Assinado pelo agente da PF Daniel Dutra Araújo e incluído no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), o relatório aponta: “Pela análise da mídia disponível, considerando todo exposto, de forma cronológica, a investigação não revelou atos do Governador Ibaneis em mudar planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do governo federal ou mesmo de impedir a repressão do avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo e invasão”.
A Polícia Federal listou as conversas de Ibaneis com jornalistas, autoridades do STF, do Congresso, integrantes do governo e advogados.
Foram 36 ligações recebidas e realizadas por Ibaneis nos dias 07 e 08 de janeiro. “Numa análise deste documento, retirado do software de extração de dados Celebrite®, é possível perceber todo o trato e diligências tomadas por Ibaneis, principalmente após às 15:30 do dia 08/01, quando se iniciaram os atos de invasão dos prédios dos três poderes”, afirma o agente da PF.
Ligações
Na véspera dos ataques, Ibaneis manteve uma conversa de 38 segundos com o então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. A ligação é originada por Anderson que, em seguida, envia ao governador o contato de seu adjunto, o delegado Fernando de Sousa Oliveira.
A partir desse momento, Ibaneis passa a ter o delegado como pessoa de referência da Secretaria de Segurança e até compartilhou o contato de Fernando Oliveira com o ministro da Justiça, Flávio Dino, junto com uma mensagem de que o secretário em exercício já havia tomado todas as providências para conter os manifestantes que se preparavam para ir à Esplanada naquele domingo (08).
Ainda na véspera, Ibaneis conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e garantiu que todo o efetivo policial seria empregado para evitar conflitos na Praça dos Três Poderes. Ele também garantiu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que as providências estavam sendo tomadas pela Secretaria de Segurança Pública.
No dia 8, às 9h18, Ibaneis recebe informações do delegado Fernando Oliveira a respeito dos ônibus que estavam chegando a Brasília para participar das manifestações e do acampamento em frente ao QG do Exército.
Em áudio encaminhado ao governador, Fernando Oliveira afirma que o clima era de tranquilidade.
A partir de 16h25, quando o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso já estavam invadidos, Ibaneis recebe mensagens da presidente do STF, Rosa Weber, sobre os atos golpistas.
A partir de 16h39, Ibaneis passa a determinar de forma imperativa ao delegado Fernando Oliveira sobre a necessidade de apoio da Força Nacional e do Exército, o que é quase que imediatamente solicitado por Ibaneis ao ministro Flávio Dino.