Livrarias físicas reconquistam espaço pós-pandemia e setor mostra crescimento

Período pós-pandemia registra, especialmente nas cidades menores, desejo de crescimento do setor. Tendência é que megalivrarias deem espaço a locais mais compactos e espalhados pelo país

Um grande prazer para os leitores assíduos é entrar em uma livraria e se deparar com estantes repletas de obras literárias dos mais diversos gêneros e estilos. O leitor adicto, que gosta de sentir texturas e cheiros de suas obras prediletas, sofreu com o isolamento social sem poder fazer suas tradicionais visitas a esses espaços. Até porque, no período da pandemia, muitas livrarias tiveram que fechar as portas — algumas delas, definitivamente — e as que restaram precisaram se recuperar ou até mesmo se reinventar para continuarem funcionando.

No cenário atual, as livrarias voltam a ganhar espaço, não só nas grandes cidades, como também nas menores. A Associação Nacional de Livrarias (ANL) mostra que, desde 2021, houve a abertura de mais de 100 estabelecimentos físicos no Brasil. A expectativa é de, nos próximos anos, alcançar a quantidade registrada em 2013, quando havia 3.029 livrarias abertas no país. A ANL estima que o número atual é de, mais ou menos, 2.700 lojas.

Mas, não faz muito tempo, o cenário era desalentador. Enquanto as lojas virtuais, como a Amazon e o Magazine Luiza, dobravam a porcentagem das suas participações no faturamento do mercado editorial — de 12,7% em 2019, para 24,8% em 2021 —, as livrarias físicas encolheram sua parcela nessa receita, de 50,5% em 2018, para 30% em 2020.

Além disso, o mercado editorial, como um todo, apresentou redução de 8,8% de 2019 para 2020. Os dados são da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial realizada no ano passado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Ao todo, no primeiro ano da pandemia, foram impressos 314 milhões de exemplares (82% em reimpressão e 18% de novos títulos), uma redução de 20,5% na tiragem total de livros.

Mesmo que tenha se agravado na pandemia, a crise do setor de livrarias físicas começou um pouco antes. “Tivemos problemas com a economia do Brasil em 2015 e 2016, e depois um problema pontual com duas redes, que tiveram recuperação judicial em 2018. Quando o mercado estava se recuperando, houve os fechamentos por causa da pandemia”, lembra o presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Marcus Teles.

Retomada

As duas grandes redes de lojas — a Cultura e a Saraiva — entraram em recuperação judicial no final de 2018, após o atraso de pagamento a funcionários. Na época, a estratégia de competir com os preços mais baratos da Amazon na internet não deu muito certo e as duas empresas mergulharam em uma crise financeira.

O CEO da Saraiva, Marcos Guedes, conta que o plano de recuperação foi aprovado no final de 2019, quando o setor de livrarias já estava em ritmo de ascensão e com boas perspectivas de crescimento. Mas ninguém contava que viria uma pandemia para atrapalhar os planos. A alternativa para a Saraiva foi a redução de lojas e de funcionários, além de simplificar a organização dos estabelecimentos.

“Ela saiu de 73 lojas para 35 lojas em todo o Brasil. Essa decisão foi tomada para preservar o caixa e a companhia. A minha decisão foi reorganizar a empresa, simplificar a operação para fortalecer. Simplificar no sentido de parar de vender CDs de música, games, e focar, basicamente, em livraria e papelaria e manter as lojas existentes”, explica Guedes.

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