Saiba quem foi o papa Bento XVI, morto neste sábado, aos 95 anos

Papa emérito Bento XVI foi o primeiro a renunciar o cargo na era moderna. Joseph Ratzinger estava internado no convento no Vaticano

papa emérito Bento XVI, morto neste sábado (31/12), aos 95 anos, foi o 265º pontífice da Igreja Católica. Ele renunciou ao cargo em 2013, após sete anos na função, alegando que a saúde frágil e idade avançada não estariam à altura das exigências da função. Foi a primeira renúncia de um papa em mais de 600 anos.

Bento XVI tinha 95 anos e se encontrava encontrava em estado grave. A causa da morte ainda não foi confirmada. O papa Francisco, atual chefe da Igreja Católica, pediu orações aos fiéis para o seu antecessor, no início desta semana.

Nascido Joseph Aloisius Ratzinger, o papa emérito foi eleito em 2005 para suceder João Paulo II, e renunciou ao cargo em 2013. Desde então, mora no Mosteiro Mater Ecclesiae, dentro dos jardins do Vaticano, com o secretário dele, o arcebispo Georg Ganswein, auxiliares e uma equipe médica.

Teólogo com perfil conservador, Bento XVI foi grande defensor das doutrinas mais ortodoxas da Igreja Católica. Seu pontificado foi marcado por protestos e escândalos, com denúncias de atos de pedofilia dentro da Igreja.

Papa emérito Bento XVI

Origem humilde

Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927, em uma pequena vila chamada Marktl am Inn, na Baviera, Alemanha, às margens do rio Inn. Seus pais eram Joseph, um comissário de polícia, e Maria Peintner, uma cozinheira filha de artesãos, de origem humilde.

Ele chegou a participar da Juventude de Hitler durante a adolescência, o que gerou polêmica após sua eleição – a participação no movimento era obrigatória desde 1939 e o Vaticano justifica que, assim que pôde, o jovem Ratzinger optou pelo seminário.

Ele entrou no seminário em 1939 e se tornou padre em 29 de junho de 1951. Estudou filosofia e teologia na Escola Superior de Filosofia e Telogia de Frisinga e na Universidade de Munique. Em 1997 foi ordenado bispo e, no mesmo ano, o papa Paulo VI o nomeou cardeal.

Conclave

Na tarde de 19 de abril de 2005, Ratzinger foi escolhido como papa para suceder o futuro santo João Paulo II, que exerceu a função por 26 anos, 5 meses e 17 dias. P0róximo do Pontífice, o cardeal se tornou o favorito no conclave que o elegeu, em 2005.

Depois de dois dias e quatro rodadas de conclave, às 17h56 (horário local), a chaminé da Capela Sistina exalou a fumaça branca: havia sido escolhido o 265º sucessor de Pedro. Então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger pediu para ser chamado de Bento XVI.

A explicação: ele queria se inspirar na coragem de Bento XV (1914-1922) durante a 1ª Guerra Mundial. E também em São Bento de Núrsia, copadroeiro da Europa, chamado de Patriarca do monarquismo ocidental.

Ao aparecer em público como papa pela primeira vez, ele disse:

“Amados Irmãos e Irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações”.

Bento XVI esteve no Brasil em maio de 2007, quando canonizou o primeiro santo nascido no país, Santo Antonio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão.

Renúncia

O papa Bento XVI anunciou sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013, e deixou o cargo em 28 de fevereiro de 2013. Segundo o próprio papa, foi uma “escolha difícil”, mas feita “em plena consciência”. Diversas vezes ele falou que não se arrependia. E sempre deixou claro que renunciava por causa da velhice.

“Alguns de meus amigos um tanto ‘fanáticos’ ainda estão irritados, eles não quiseram aceitar minha escolha. Acreditam nas teorias de conspiração: alguns disseram que foi por causa do escândalo Vatileaks, outros por causa de um complô da lobby gay, outros ainda por causa do caso do teólogo conservador Lefebvrian Richard Williamson. Eles não querem acreditar em uma escolha feita conscientemente. Mas minha consciência está limpa”, explicou Bento XV, em uma entrevista reveladora ao jornal Corriere della Sera.

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