Familiares de jovens e criança eletrocutados se despedem em enterro
Kelvin Michel, Sophia Emanuelly e Karina Madureira, todos da mesma família, morreram após a descarga elétrica de um fio de alta tensão
Dezenas de familiares e amigos se despediram, neste domingo (11/12), de Kelvin Michel Madureira de Andrade, de 14 anos, Karina Madureira da Silva, 17, e Sophia Emanuelly Batista Madureira, 5, mortos eletrocutados após sofrerem uma descarga elétrica de um fio que caiu na rua. O caso ocorreu na noite de sexta-feira (9/12).
Uma capela no cemitério de Planaltina foi usada para o velório das três vítimas. Cantos de igreja e muita emoção tomaram conta dos presentes.
Policiais civis da 16ªDP (Planaltina) também compareceram no local para prestar uma pequena homenagem ao garoto Kelvin, que sonhava ser delegado.
O enterro do trio começou por volta de 16h e terminou às 17h.
Marlene Santos de Barros, 60 anos, tia-avó da Karina, disse esperar que a família tome alguma providência contra a Neoenergia. “Se for algo que o laudo mostrar que a empresa poderia fazer alguma coisa, tem que ir atrás. Poste de luz cheio de gambiarra e ninguém é multado. Tem que tomar alguma providência”, comenta.
Ao lembrar da sobrinha-neta, Marlene teceu vários elogios. “Ela era uma menina de casa, tranquila… Era ela que dava conselho para a mãe”, diz.
Agora, com a morte dos três, ela espera que sirva de exemplo para não acontecer mais. “É um desespero muito grande. A gente tem que entender que a morte vem, mas a maneira que morre pode ser evitado. É uma tragédia que não precisava”, lamenta.
Neste domingo, a Neoenergia informou que disponibilizou profissionais de assistência social e psicológica aos familiares. Disse ainda que cobriu todas as despesas funerárias e logísticas para o enterro.
Entenda o caso
A cena da morte de dois adolescentes e uma criança, vítimas de um choque elétrico na noite dessa sexta-feira (9/12), na QNP 24, no P Sul, em Ceilândia, ainda não sai da cabeça das famílias. Sophia Emanuelly Batista Madureira, de 5 anos, e a tia, Karina Madureira da Silva, 17, morreram abraçadas, enquanto que Kevin, também familiar das meninas, faleceu tentando salvá-las.
Segundo as irmãs de Kelvin, o jovem teria ido ao terminal buscar Karina e Sophia no momento do acidente. Ele tentou salvar a criança e a adolescente de 17 anos, que acabou morrendo abraçada com a pequena.
Caçula da família de nove filhos e com formatura do ensino fundamental marcada para o próximo dia 20, Kelvin tinha o sonho de se tornar delegado.
“Era um menino estudioso, não se envolvia com nada. Ia fazer 15 anos mês quem vem. Era de casa pra escola, da escola pra casa e igreja. Nunca deu trabalho em nada”, conta bastante abalada a irmã Jhenifer Madureira, 32.
“Dinheiro não vai trazer a vida dos nossos parentes de volta. Vai precisar morrer mais gente?”, questiona a familiar.
Assista ao depoimento das irmãs
“Morreram abraçadas”
Sophia era a única filha da atendente Ana Cristina Batista Carvalho, 26. “Era tudo que eu tinha. Uma menina carinhosa, gostava muito de cuidar da gente, de brincar. Não tenho mais lágrimas pra chorar”.
“Quando eu cheguei, vi ela abraçado com a tia dela, que tentou salvar e não conseguiu. Elas morreram abraçadas.”
“Era tudo que eu tinha”, lamenta AnaRafaela Felicciano/Metrópoles
Mãe e avó choram por morte de Sophia:
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Veja vídeo das meninas brincando:
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Nota da Neoenergia
O Metrópoles questionou a Neoenergia sobre as reclamações recorrentes dos moradores da região. Em nota, informou que “lamenta o acidente ocorrido em Ceilândia” e que “a empresa está apurando as causas da ocorrência e auxiliando as autoridades competentes”.