Polícia investiga bando que vende vaga na fila do Cras-DF por R$ 100

Em perfis nas redes sociais e em fóruns específicos na internet, os suspeitos ofereciam vagas nas filas dos centros de atendimentos

Um grupo criminoso que fatura vendendo vagas em filas do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é alvo de inquérito policial instaurado pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). As investigações apontam que os suspeitos chegariam a cobrar até R$ 100 por uma vaga na fila de quem deseja atendimento.

A coluna apurou que seis pessoas devem ser ouvidas, a partir desta sexta-feira (12/8), na sede do departamento. Em perfis nas redes sociais e em fóruns específicos na internet, os investigados ofereciam vagas nas filas. Os valores variam de acordo com a posição e o tempo de espera.

Entre os suspeitos, consta uma mulher flagrada por cidadãos que recebem assistência do Cras. A investigada teria exigido pagamento em troca de vagas para o atendimento no centro.

A unidades do Cras funcionam como porta de entrada para obtenção de benefícios como o Auxílio Brasil. A pandemia aprofundou os problemas sociais do país. No Distrito Federal, a fila de espera para atendimento nesses centros cresceu 278% entre 2019 e 2021.

Segundo relatório da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF), 48.988 pessoas aguardavam atendimento nos Cras, em julho de 2019. Em outubro de 2021, o número subiu para 185.139.

Em entrevista ao Metrópoles, o secretário da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, disse que a capital ganhará mais 14 pontos de atendimento para preenchimento e atualização do Cadastro Único, que constitui requisito para a concessão de benefícios. A iniciativa visa desafogar os Cras e acabar com as filas.

Rocha afirmou à coluna Grande Angular que a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) assinou contrato com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Mãos Solidárias para a gestão das unidades.

“A OSC vai fazer a triagem e agilizar o atendimento à população que mais necessita. Com as novas unidades, o DF terá 50 pontos de assistência social”, pontuou.

Paralisação

Inconformados com as condições de trabalho, servidores da assistência social do DF realizaram, em junho último, uma assembleia sindical, com paralisação de 24h, para debaterem a situação atual nos Cras de toda a capital. Segundo o sindicato da categoria, o Sindasc, os profissionais demandam mais diálogo com o GDF e uma resolução de curto prazo para as filas de pessoas que buscam algum benefício social.

Conforme explica Clayton de Souza Avelar, diretor da entidade, há três propostas dos trabalhadores para reduzirem o problema da falta de atendimento. A primeira delas é a nomeação de 28 agentes e 259 especialistas do concurso realizado em 2018. “Reconhecemos que houve o chamamento, mas ainda é insuficiente”, comenta.

Outra solução seria o aumento da carga horária de 700 servidores; nesse caso, a jornada seria ampliada de 30 para 40 horas semanais. “É um pedido nosso e que traria aí em torno de 7 mil horas a mais de trabalho”, detalha. A terceira proposta consiste em retomar a função de aproximadamente 100 auxiliares.

Segundo Clayton, esta é uma oportunidade de reivindicar uma conversa com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF. “A tensão está muito elevada e a gente espera o diálogo. Temos segurança do que estamos fazendo a fim de resolver o problema.”

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