Assédio moral: funcionários do Santander dizem que cometiam irregularidades para cumprir metas

Relatos fazem parte de ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, que terminou com condenação do banco por assédio moral. Funcionários contam que eram ameaçados e obrigados a atender expectativas abusivas; banco disse que vai recorrer da decisão.

Em uma ação judicial, funcionários do banco Santander dizem ter cometido irregularidades e “aproveitado da boa-fé” de clientes para cumprir metas impostas pelos gestores da instituição financeira. Os relatos fazem parte de um processo movido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que terminou com a condenação do banco por assédio moral contra funcionários (veja detalhes abaixo).

g1 questionou o Santander sobre as vendas citadas na ação. Em nota, o banco disse que recebeu a condenação com “surpresa” e que vai recorrer.

Segundo a ação do MPT, funcionários disseram que, pressionados pelos gestores, se aproveitavam, principalmente, “da boa-fé de clientes idosos” e pediam que eles comprassem “determinado produto e, após o idoso assinar, aumentavam a quantidade”.

Segundo a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10), em Brasília, os depoimentos dão conta de “cobrança truculenta pelos gestores, seja diretamente ao empregado ou por meio de reuniões com exposição vexatória, cujas metas deveriam ser cumpridas a todo custo”.

Ainda de acordo com o processo, diante das cobranças excessivas, vários empregados “foram acometidos de doenças mentais, transtornos psíquicos, síndrome do pânico, estresse e depressão”.

Assédio moral

A 1ª Turma do TRT-10 condenou o Santander a pagar R$ 274,4 milhões em indenização por danos morais coletivos, por conta do assédio moral cometido contra funcionários. A decisão é de segunda instância e foi publicada em 15 de julho. Cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Segundo a ação movida pelo MPT em 2017, os trabalhadores eram expostos a pressão psicológica, ameaças implícitas e explícitas de demissão e metas abusivas. A ação também cita redução de equipes como punição pelo não-cumprimento das metas.

O MPT argumentou que as irregularidades foram encontradas em fiscalização do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). O órgão acusou o banco de adotar “modelo de organização laboral baseado na gestão por estresse e humilhação, estabelecendo metas elevadas e cobranças excessivas”.

“Há sobrecarga de trabalho, ameaças de demissão pelo não atingimento de metas e os bancários são punidos quando clientes fazem saques em aplicações. Toda essa pressão resulta em danos à saúde dos trabalhadores, e também aos cofres públicos”, diz o Ministério Público do Trabalho.

O que diz o Santander

Confira a íntegra da nota do Santander sobre o caso:

“O Santander recebeu com surpresa a decisão, visto que os julgadores reconhecem as práticas da instituição no combate a qualquer tipo de assédio ou discriminação, como, aliás, já havia feito o juiz de primeiro grau. A Instituição destaca o fato de a decisão não ter sido unânime, ou seja, dois juízes votaram para absolver inteiramente o Banco da condenação. O Santander irá recorrer e acredita que a decisão, que não é definitiva, será reformada pela instância superior da Justiça do Trabalho.”

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