Lula avança sobre palanque de Ciro no PR, chamando Fruet para Senado
O deputado avalia se teria como montar o palanque de Ciro no estado, e ao mesmo tempo contar com o apoio de Lula na disputa
O PT do Paraná tem feito movimento sobre o PDT de Ciro Gomes no estado. A sigla ofereceu ao deputado Gustavo Fruet (PDT), ex-prefeito de Curitiba, a vaga para disputar o Senado na chapa a ser encabeçada pelo ex-governador Roberto Requião (PT).
Para ter Fruet na chapa, integrantes do partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato ao Planalto, inclusive, avisaram que aceitam que o deputado abra o palanque para Ciro no estado, onde a disputa está polarizada entre Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). No Paraná, os dois polos seguem, de acordo com pesquisas internas, praticamente empatados.
Fruet chegou a conversar com a cúpula de seu partido sobre o assunto e não encontrou resistência. O deputado ainda não respondeu ao convite petista, mas avalia se é viável, do ponto de vista eleitoral, garantir o palanque de Ciro no estado e, ao mesmo tempo, receber o apoio de Lula.
O parlamentar reconhece a polarização Lula e Bolsonaro no estado e avalia que há espaço para uma candidatura ao Senado com o apoio petista.
“Exite espaço? Existe. Eu já disputei o Senado e perdi para o Requião, por 1 ponto percentual. Só que ainda existem variáveis a serem acertadas”, disse Fruet, ao Metrópoles.
Reação
Antes de aceitar a proposta, entretato, Fruet está à espera de movimentos que serão tentados por Ciro no plano nacional no sentido de neutralizar palanques do PT em alguns estados.
Além de adotar um discurso forte contra o partido de Lula, as buscas de Ciro estão sendo realizadas no sentido de impedir que os petistas fechem alianças, por exemplo, com o PSD, partido comandado pelo ex-ministro Gilberto Kassab (SP).
Em Minas Gerais, Ciro tentou impedir a aliança, mas não conseguiu. O PT chegou ao fim de uma costura de apoio mútuo envolvendo a candidatura ao governo do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, inclusive retirando a candidatura do deputado Reginaldo Lopes ao Senado, que havia sido lançada por Lula. A vaga ao Senado, na chapa de Kalil ficou também com o PSD, que tentará a reeleição do senador Alexandre Silveira.
“Em Minas, Ciro perdeu, mas ganhou no Rio”, pondera Fruet, referindo-se ao primeiro momento da aliança do PDT com o PSD no Rio de Janeiro, que acabou minando a possibilidade de conversa com o PT.
Território demarcado
O palanque oficial de Lula no Rio é o do deputado federal Marcelo Freixo (PSB), em um leque de alianças que não conta com o PSD.
No início do ano, enquanto Lula tentava atrair Paes e o PSD para sua aliança, Ciro foi ao estado e, demarcando o território de sua candidatura, lançou o nome do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz ao governo.
A “conquista” de Ciro no Rio, no entanto, pode não se tornar efetiva no quadro eleitoral. Com baixo desempenho nas pesquisas, apesar do apoio do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), Santa Cruz admite que uma aliança nacional do PSD com Lula no primeiro turno “não racharia a legenda”.
Nesta semana, em entrevista ao jornal Valor Econômico, Santa Cruz chegou a dizer que seria uma honra para o partido a aliança com o petista no plano nacional. “Acho que não racha, não. Não vejo problema nenhum andar com o Lula. Acho que é uma honra para o partido”, destacou o pré-candidato ao governo fluminense.